LETRA MÁGICA — RESENHA DE ANIMICIDA

20:17

Inaugurando mais uma aba do blog, encontraremos um espaço para as histórias fascinantes que os autores de (fan)fictions podem nos trazer, curtas ou longas (oneshots, shortfics ou longfics). Cada um desses universos – incrivelmente mágicos a partir da letra e voz do autor – terá um grande espaço por aqui. 

A trama de hoje pertence à autora MsBrightside com sua oneshot chamada Animicida, esta tem uma sinopse simples e curta que explica a palavra do título: que ou quem mata a alma, que perde negando-a.


Toda a literatura possui a função de causar impacto, causar o phátos – a paixão –, o choque (espanto). Esse é um aprendizado que comecei a ter desde jovem, ainda tenho, ainda divago...

A busca incessante por uma literatura pensante nos dias de hoje, corrói a alma de muitos que desejam e necessitam encontrá-la a partir do viés do pensamento, trazer a resposta por si mesmo... Respostas práticas e ágeis que acorrentam best-sellers da literatura atual, muita das vezes, não são agradáveis para mim, ou para todos, por conta deste motivo, clássicos permanecem até hoje, canonizados e canonizantes.

O conto de hoje traz consigo a vontade dos clássicos, da abundância do pensamento e da busca do metafórico. Sem causar o adiantamento de informações antes de uma leitura, vulgo spoilers, pode-se dizer que a trama é tão metafórica que perpetua e faz essa história ser o que é.

A jogada, decerto, são as metáforas e a relação da protagonista com o meio, principalmente, seus sentimentos como o dos outros, além disto, também há o resquício da fragilidade e da defesa instintiva em relação à atitude alheia para com ela.

A protagonista, cujo nome não aparece – e, sendo assim, simboliza qualquer um(a) –, é traumatizada, sofrida por amor, mas, acima de tudo, é atelofóbica e misantrópica (quem sabe... Identifico-me). Por que acima de tudo? Por que são marcas tão importantes no enredo e na personagem?

Porque isto a define a priori, fazendo parte do primeiro diálogo e sendo a marca que identifica a personagem, além da contradição da história (de todas as histórias de amor com pessoas que se identifiquem com a protagonista).

Antes de tudo, explicando o que são ambas as definições:

Atelofóbica provém de atelofobia que seria Ateles (imperfeito, incompleto do grego) mais Phóbos (medo, provindo até da divindade), o que representa alguém que teme, absolutamente, não ser capaz o bastante, não ser alguém bom o suficiente.

Misantrópica, por sua vez, é um tipo de pessoa que possui misantropia, ou seja, Misos (ódio, aversão) mais Antróphos (ser humano), no caso, a pessoa misantrópica possui aversão, ódio a humanidade, também são consideradas misantrópicas, aquelas que não possuem qualquer sociabilidade.

No entanto, essas duas marcas são paradoxais quando colocadas juntas, justamente, porque a “perfeição” (o medo de não ser suficiente) encontra-se no reconhecimento do outro e não, no próprio. A evolução, melhora não está em nossas atitudes e julgamentos, mas no reconhecimento do que seria bom em uma sociedade, em um crítico, por exemplo. Então, desta forma, por que essas são as marcas da protagonista?

Porque é contraditório e falamos de uma personagem que sofre por amor. Será que o amor é pleno e ajuizado? Justamente por ser contraditório, justamente por ser o sofrimento pelo amor, uma busca incessante que possuímos e também que nos move para a mudança. Como nos recuperamos depois da tempestade e da devastação de nossos sentimentos quebrados?

Esta resposta se encontra dentro da história e seria um desperdício não lê-la para descobri-la. No entanto, darei uma dica: dialogue com seus sentimentos, temores e avaliações, tropece e aprenda com a metáfora, afinal:

“Eu não devia nada a ninguém e isso foi a melhor coisa 
que poderia acontecer comigo”.

Trecho pertencente à Animicida

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7 comentários

  1. O texto é muito bonito e gostei do caráter mítico da narrativa analisada. Digo que ele é mítico especialmente, por se tratar de um tema atemporal, cuja linguagem não soa datada, mas sempre pertinente as contradições do ser humano em quaisquer épocas ou culturas. O texto está muito bem escrito e desenvolvido! Parabéns! Acompanharei e comentarei cada passo desse projeto maravilhoso!

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    1. Oi, meu anjo! ♥

      Eu fico super contente que tenha curtido o texto e o caráter mítico que ele transmite, tentei fazer baseada na personalidade da Carella, minha personagem, por aqui e todos os meus textos serão assim, embora eu não saiba se vou manter nos comentários também, ainda.

      Por isso, esta aqui ainda sou eu, prazer, meu bem!

      O tema é referência ao texto resenhado, então, estes louvores são da autora, especialmente. A linguagem em si tentou acompanhar o ritmo do que era necessário e também a extensão do corpo do texto, tudo voltado a melhor comodidade da história dentro do texto e do texto para o leitor.

      O ser humano é repleta contradição, seja a época que for e fico contente que tenha conseguido manter a linguagem tão tênue ao ponto de estar tão interligada ao texto. Obrigada mesmo ao elogio, de verdade! Ficarei contente que continue por aqui e, quem sabe, você não conversa um dia com a Miss Carella. ♥

      Beijocas.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. Bem, o texto ficou deveras atraente, despertou em mim uma vontade de ler Animicida, coisa que, certamente, deve ser um tanto difícil de se fazer. Mesmo tendo um ar mais "jornalístico" ele também pode me entreter por conta dessa linguagem meio mistica e também consegui informar-me, tanto a respeito da estória resenhada quanto aos termos que foram apresentados e usados no texto.
    Então, eu espero ver mais artigos como este por aqui.

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    1. Olá, Lunna!

      Eu fico muito contente que tenha gostado do meu texto e que ele tenha lhe sido atraente, é super importante para mim saber que consegui completar, ao menos, para alguém, a intenção dessa resenha.

      Acredito que seja e eu espero que essa história ganhe leitores maravilhosos como você parece ser, muito obrigada mesmo pelo elogio. O ar "jornalístico" é algo que faz esse texto ser duplo pelo outro tom que possui, porque ele tem esse tom já que é uma resenha e também tem o ar mítico que é e também a tentativa de alcançar a personalidade da Miss Carella, minha personagem, que talvez passe a responder por aqui no meu lugar, não sei ainda!

      Sim, pois é. Uma das qualidades - e problemas, talvez - de Animicida são as palavras ricas e pouco utilizadas na língua que a autora inseriu no texto, mas isso torna o texto maravilhoso e interessante, porque ensina ao leitor algo novo e fico contente que os termos de dificuldade tenham aparecido por aqui e te ajudado na leitura para que ela corra fluida! Obrigada por dizê-lo também, foi muito carinho da sua parte apontar esse detalhe! ♥

      Eu estarei mais vezes por aqui, não se preocupe e espero vê-las mais vezes também. Obrigada mesmo pela leitura e comentário!

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  4. O texto foi muito bem escrito, parabéns! O vocabulário é muito rico e as observações acerca de Animicida são bem detalhadas.

    Já estou indo ler a história!

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    1. Olá, Leandro!

      Fico super contente que tenha gostado, viu? Muito obrigada pelo elogio a escrita e também a riqueza do vocabulário, encanta-me saber que tenha apreciado. Espero que goste da narrativa tanto quanto eu gostei de resenhá-la. ♥

      Obrigada mesmo pela leitura e comentário!

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