Entrevista com a autora Jeniffer — Pena&Tinteiro

04:24

A fim de inaugurar a sessão Pena&Tinteiro, que trará entrevistas com autores publicados e não publicados também, optei por entrevistar a Jeniffer Pinheiro (que tem por Jeniffer o nickname no Nyah! Fanfiction), de 21 anos, residente de Bento Gonçalves/RS e autora de histórias como Moça, sai da sacada (primeira história de uma trilogia de songfics baseadas na música Amianto da banda Supercombo) e Aracne (feita para o desafio do grupo Café com Letra, no qual é escritora ativa e moderadora).



I. Você tem o hábito da leitura? E escreve há muito tempo ou é recente?
Sim! Os livros sempre estiveram presentes em minha vida e continuam até hoje. Sou o tipo de pessoa que sempre tem um livro por perto, não importa aonde eu vá. Aproveito cada momento que tenho para ler, nem que seja apenas algumas páginas.
Eu comecei a escrever com doze anos, ou talvez mais cedo, não lembro bem. Eu escrevia pequenos poemas, e até me aventurei em uma fanfic de Harry Potter. Comecei a escrever contos quando tinha quatorze anos e foi neste período que mais desenvolvi meu estilo de escrita.

II. O que a escrita representa pra você? É um hobby ou você tem uma visão mais profissional em relação a isso?
Escrever, para mim, é parte mais importante da minha vida. Quando tento imaginar como será minha no futuro, não tenha ideia de onde estarei, ou como estarei, mas sempre tenho a certeza de que estarei escrevendo. Atualmente é apenas um hobby, pois ainda não consigo dedicar um período diário para isso. Contudo, escrever profissionalmente é meu sonho.

III. Que gêneros mais gosta de ler? E escrever?
Minhas leituras são sempre muito diversas. Basicamente, eu busco boas histórias. Gosto de livros que me envolvam, que seja bem escritos, que me inspirem. Encontro isso em romances, fantasias, quadrinhos (amo Calvin e Haroldo com todo o meu coração) e muitos outros. Minha coleção de livros vai de Dostoievski até Cassandra Clare. Agora, quando se trata de escrever, sempre acabo caindo no romance ou drama. Talvez porque eu tenha mais facilidade de escrever sobre sentimentos do que qualquer outra coisa. Solicite uma história distópica e eu precisarei de anos para desenvolver o universo deste contexto. Solicite uma visão pessoal de algum personagem sobre este mesmo universo e eu terminarei em questão de horas. Acho que, no final, acredito que qualquer coisa que eu escreva deva acrescentar algo à vida do leitor, afinal, este é o objetivo da literatura. E esta é a maneira através da qual eu alcanço este objetivo.

IV. Tem alguma dificuldade específica na hora de escrever? Ou pontos em que você acha que pode melhorar? Quais? Como concilia?
Eu tenho uma dificuldade muito grande em me concentrar totalmente. Qualquer coisa me distrai... Às vezes eu preciso de alguma informação para a história, então interrompo a escrita e vou para a internet. E duas horas depois estou assistindo pessoas lavando o cabelo com refrigerante no YouTube. Por isso sempre dedico algumas horas para redes sociais e afins antes de escrever, assim posso desconectar a internet e focar apenas na escrita. O lado positivo é que, quando finalmente consigo me concentrar propriamente, é quase impossível me interromper. Mas acho que um dos pontos que preciso melhorar é o comprometimento com a escrita. Ando muito relapsa ultimamente e isso não é bom.

V. Como você lida com a falta de inspiração? 
Não muito bem, na verdade. Eu paro, leio um livro ou assisto algum seriado, mas sempre com a consciência pesada, pensando que deveria estar escrevendo. Mas quando eu tenho prazos, ou apenas um dever com os leitores, eu costumo criar uma playlist que tenha a ver com o que vou escrever. Por exemplo, se vou escrever uma história triste escolho as músicas mais melancólicas que conheço. Então as ouço até entrar no clima e sentir que posso escrever sobre aquilo. É quase uma meditação, mas é ótima, mesmo sendo uma medida quase desesperada.

VI. O que pensa da literatura nacional? Com a chegada de novos autores, você acha que o mercado literário brasileiro vai crescer em qualidade ou só em quantidade?
Eu sou uma contradição quando se trata de literatura nacional. Acho que ela é muito desvalorizada, mas ao mesmo tempo, eu mesma conheço muito pouco dela. Contudo, muito me alegra o fato de que, todos os livros nacionais que li foram incrivelmente bons. Como, por exemplo, a trilogia Dragões de Éter, do Raphael Draccon. São livros de fantasia fantástica, um gênero que, em época de Crônicas de Gelo e Fogo, é dominado pela literatura estrangeira. E ainda assim, estão estre os meus favoritos. E saber que o autor é nacional me dá esperanças, principalmente depois de passar a vida inteira ouvindo que escritor não era profissão, pois não dava dinheiro. 
Acho que qualidade é algo muito subjetivo. Mas o crescimento do mercado literário mundial, não só o nacional, é algo que eu encaro com muita positividade. O grande volume de publicações literárias nos traz inúmeros escritores incríveis e histórias maravilhosas. Sem contar que a variedade de publicações aumenta a abrangência de público, e assim, cada vez mais, muito mais pessoas criam gosto pela literatura.

VII. Como escritor(a) de fanfics e/ou originais não publicados oficialmente, como você enxerga a troca de feedback entre autor e leitor? E a dependência desse feedback? 
Eu comecei a escrever fanfics porque queria me testar. Até então ninguém nunca havia lido nenhum de meus escritos e eu queria saber se alguém se interessaria por eles. O feedback foi quase instantâneo e isso me alegrou demais. Desde o primeiro dia recebi comentários positivos e isso me incentivou muito a escrever cada vez mais e melhor. Acho que esta troca entre autor e leitor é valiosíssima, pois como escritor, é ótimo ver o seu trabalho reconhecido, e como leitor, é ótimo se sentir tão próximo de alguém que admiramos. 
Lógico que isso também tem o seu lado negativo. Eu entendo a dependência de feedback... No começo eu era muito insegura sobre minhas histórias, e tenho certeza que muitas pessoas também são. Então, ler comentário a cada capítulo é sempre um incentivo que influencia diretamente a sua motivação. Recentemente desisti de uma história por não ter recebido nenhum feedback e me arrependo muito por isso. Afinal, no fundo, todos nós escrevemos para nós mesmos. Terminar uma história não é um compromisso apenas com o leitor, mas sim com você mesmo. Lembro de uma vez ter lido em um livro: “Todos tem um livro dentro de si, uma história para ser contada, mas nem todos sabem o que fazer com isso. Se você sabe, é um dever fazê-lo”.

VIII. Você escreve mais originais ou fanfics? Sente-se encaixada no grupo? 
Escrevo mais originais, mas se a base for o que publiquei, então eu diria ambos. Transito livremente pelos dois grupos, tanto como escritora e como leitora. Como disse anteriormente, eu busco boas histórias, sejam originais ou fanfics. Acredito que as originais me ofereçam uma maior variedade, uma vez que, nas fanfics, eu acabo me restringindo aos fandoms que conheço e estou disposta a ler e escrever sobre. No final, tudo depende das ideias que surgem, do momento que vivo... 

IX. Tem algum autor, ou autores, de fanfics ou originais que você goste muito? E de livros?
Eu gosto muito da Mariana, de verdade. Tudo o que li dela até hoje foi incrível, e para ser sincera, foi a primeira pessoa que me cativou com sua escrita, me instigando a ler outras histórias suas. Normalmente eu me afeiçoo à história, e não ao autor. Mas também tem a autora de “Presságio”. Esta é uma história que eu adoro, pois é escrita de forma divina. Lembro-me de estar lendo e pensar: “Eu gostaria de poder escrever assim...” E toda vez que um autor me instiga a ser melhor, ele entra na minha lista de favoritos. De livros eu poderia citar inúmeros, mas eu amo Jane Austen, Raphael Draccon, Tahereh Mafi, Maria Dueñas, J. K. Rowling, Sidney Sheldon... eu poderia preencher páginas e páginas com nomes.

X. Tem algum projeto futuro? Qual? 
Tenho, mas é segredo. 

Bônus: Você faz parte do grupo Café com Letra (que é um grupo voltado para escrita e desafios mensais de temas diversos) desde a primeira edição. Como você o enxerga? Como se sente em relação ao grupo? Quais são as coisas que você mais gosta nele? 
Eu acho o Café com Letra um projeto fantástico e que tem tudo para crescer mais e mais. As pessoas envolvidas tem muita paixão pela escrita e acabamos criando uma comunidade que está disposta a ajudar uns aos outros, para que todos possam crescer individual e coletivamente. E isso é o que mais gosto neste projeto. Graças a ele eu conheci pessoas incríveis e li histórias fantásticas. Além disso, o projeto me fez escrever muito mais e sobre coisas variadas, e cada desafio é uma experiência incrível que me ajuda a crescer como escritora, por isso serei eternamente grata por todo o conhecimento que tenho adquirido com este grupo que está se tornando uma família.


Espero que vocês tenham gostado de conhecer a Jeniffer um pouco mais e eu recomendo que vocês dêem uma olhadinha nas histórias dela porque tem muita coisa verdadeiramente boa. Eu gostaria de algumas opiniões em relação a essa primeira experiência com entrevista, com críticas, sugestões, enfim, de como nós podemos melhorar e também citando o que vocês mais gostaram para que possamos manter. Estão todos convidados a embarcar nessa aventura junto com a gente~
Ps: A pessoa que a Jeniffer mencionou na entrevista sou eu ~morre~ lol

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8 comentários

  1. Adorei!! Nao costumo acompanhar seu blog, mas vim ver essa entrevista porque acompanho essa escritora a muito tempo! Sou quase a primeira fã hehehe! Obrigada por nos proporcionar esse momento!!

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    1. Olá, pessoa, tudo bem? Em primeiro lugar, muito obrigada pelo comentário e fico feliz em saber que você também é fã da Jeniffer (como eu). Ela é uma pessoa incrível e uma escritora mais incrível ainda. Se for do seu interesse, continua acompanhando o blog, ainda vamos trazer muita coisa nova. \o/ ♡

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    2. Ah, e a Jeniffer pediu para você se manifestar no grupo porque ela quer te dar um abraço hahah~

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  2. Olá! =D
    Nem preciso dizer que eu simplesmente amei essa entrevista com a Jennifer. Começou o blog com chave de ouro. :3
    Acho que todos nós autores almejamos seguir a carreira na literatura, visto que estão aparecendo alguns que vivem disso.
    Beijos!

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    1. Ane, seja bem-vinda, hahaha~ ♡ E sim sim, muita gente tem esse sonho, mas é uma jornada árdua e dura é preciso muita força de vontade de determinação para conseguir vencer. Obrigaa pelo comentário, moça. ♡♡♡

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  3. Olá! Vi essa entrevista postada no grupo do Nyah! e fiquei curiosa em ver esse blog! Gostei demais da entrevista! Ela com certeza deu dicas valiosas de como contornar o bloqueio criativo que tanto me atormenta. Também gostei das perguntas feitas e da maneira que ela as respondeu. Por mim, essas perguntas poderiam ser feitas a qualquer entrevistado! Gostei demais do design do blog também. Simples e gostoso de se navegar. Espero que esse projeto siga em frente! Desejo sucesso à todos os integrantes do blog! *--*

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    1. Nós agradecemos pelo apoio, e pelas palavras de incentivo, porque significa muito para o projeto. A Jeniffer falou algumas coisas bacanas sobre como contornar os problemas de bloqueio e de falta de inspiração (que assola todo mundo um pouco) e eu espero que isso inspire as pessoas a tentar solucioná-lo. Você é sempre bem-vinda a se juntar a nós nessa jornada de aventuras e escritos fantásticos. \o/ ♡

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  4. Abriu maravilhosamente o blog! <3
    A entrevista foi muito bem construída, progredindo uniformemente com perguntas condizentes.
    Adorei a Jenifer, me pareceu muito simpática. Alguns de seus títulos me chamaram a atenção e os procurarei posteriormente no Nyah.
    Ignore esta foto super velha e este nome fake, há muito tempo não acessava o blogger!
    Abraços, esperando outro artigo! :*

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Café com Letra | Mochaccino #2

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